sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Huruck Lobo Cinzento



Observar aqueles jovens era interessante. Há muito o haviam percebido. Ele devia ter perdido o jeito, antigamente nada o percebia. Bom, sabia quem eles eram, ouvira o sussurro com seus nomes, e vira o galeão de ossos sobrevoar a planície Anciã. Aquilo não podia ser bom. A escuridão chegou... mortiça, opaca... e os jovens se deitaram para descansar. Enquanto observava escondido em um arbusto há 3 metros do vigia, Huruck lembrava de seu próprio passado, antes de chegar nessa terra morta...


O vento quente que vinha do oeste castigava o rosto do orc. Há horas estava na mesma posição, vigiando e aguardando o inevitável extermínio. Há 3 luas foi travada uma grande batalha, 1 mil guerreiros de todas as tribos remanescentes enfrentaram Gallard com a esperança de acabar com aquele horror de uma vez por todas, mas caíram vencidos no imenso campo de batalha... Cerca de 10 mil orcs já haviam sido exterminados, guerreiros, mulheres, crianças... Gallard não diferenciava o que matava.

Huruck não podia acreditar que os espíritos da natureza haviam abandonado seu povo. Nada fariam? Ficariam parados apenas observando e ouvindo os ecos dos perdidos no cinza? Um som atrás de si o tirou de seus devaneios. Mas ele não se assustou, o cheiro era conhecido: Narkíria olhos de águia, exímia guerreira e dona do coração de Huruck.

"Ele está próximo, já derrotou as últimas defesas... vc vem?"...  O orc nem se quer olhara para ela, ainda sentindo o vento no rosto. " Huruck, eu perguntaei se vc vem..."
" Eu ouvi da primeira vez!", bradou. Você realmente quer ir até ele? ser exterminada como os outros???
" Quero morrer com honra, com uma guerreira"...  " QUE HONRA EXISTE EM MORRER E NÃO SER LEMBRADA POR NINGUÉM??, PQ NÃO HAVERÁ NINGUEM PARA SE LEMBRAR DE NÓS."
"Mesmo assim Huruck, prefiro morrer assim a fugir, hora ou outra ele nos encontraria, é a missão dele."
"Maldito GAllard, maldito RAjjat!" Huruck arremessa um odre de água contra a rocha, partindo-o em muitos.

Narkíria observa seu amado por alguns instante pensando que seu amado havia sido vencido pela morte antes mesmo dela chegar a ele.Ela nada podia fazer por ele. "Que o lobo cinzento te guie meu amor" E, decidida, deixa o posto de vigia e Huruck vazios.

Huruck, fez menção de se erguer e ir atrás dela, mas alguém mais o observava sentado em uma rocha no alto do posto. Como aquilo passou por ele e se SENTOU ali?


"Nao tema orc, não sou enviado de Gallard, mas ouvi as presses dos espíritos que choram por seu povo. Você Huruck, foi escolhido entre os seus para fugir conosco, para uma terra ainda nem nascida, livre de toda loucura e destruição das guerras purificadoras, onde a felicidade existe desde que você acredite nela..."

Huruck, sentiu confiança e paz vindas daquela criatura. E o convite, era a única saída, não era?
"Posso levar ela?".  " Você sabe que ela não quer ir Huruck". " Mesmo assim, leve-a comigo". " Seu desejo é uma ordem.".

Depois disso uma terra sem espíritos de qualquer tipo e se criava por conta própria, o ódio de Narkíria e seu suicídio, e a atroz e negra solidão. Era imortal, porque era o primeiro. E seria eternamente só. 

Crendo que por séculos vivendo nas mais profunda reclusão mesmo sabendo das outras raças, sem aviso algo acontece.... Huruck acorda e se vê em uma cama, como era a sua. O mesmo cheiro de palha seca, merda de kank e ensopado...  ouve vozes... vozes de sua infância. "Pai?" Um rosto velho e conhecido aparece na porta da cabana. " Levante Huruck, é tarde". Ainda tentando entender, Huruck se ergue e sai a luz do dia. Sua aldeia!! Estavam todos ali! mas como?? Narkíria!! sorrindo pra ele enquanto afiava uma lança... Teria Muraback os trago também?? Mas do cinza??? estavam todos mortos até onde se lembrava. Era isso que Muraback havia prometido? felicidade.... Huruck estava feliz, em casa....

Mas depois de alguns dias toda a felicidade começava a cair por terra. Por mais que fossem eles, por mais que tivessesm suas lembranças, por mais que tivessesm seus gestos... aquelas... coisas... não eram seu povo. Pareciam uma idealização de seu mundo, eram todos e tudo exatamente como ele lembrava.. mas imutáveis... sempre as mesmas rotinas, os mesmos trabalhos, frases....cada dia era como reviver o outro... e eles não tinham memória de um dia para o outro.

Não eram eles. E não o deixavam em paz. Havia tentado fugir, mas toda a tribo surgia no outro dia... onde estivesse. Até que por fim, em uma manhã morna, matou a todos eles, um por um. Degolados, indefesos...


O mull havia retornado, deve ter encontrado o vilarejo. Logo saberiam da verdade. Logo veriam a bruxa, em seu ciclo incansável de destruição.

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